A utilização do ácido ascórbico na terapia oncológica FDC Vitaminas

Câncer é uma doença multifatorial e diz respeito à proliferação desenfreada de células que invadem órgãos e tecidos do organismo, podendo-se espalhar para outras regiões do corpo (INCA, 2016).

Quando o organismo é submetido a situações de desequilíbrio, o estresse oxidativo tende a gerar espécies reativas de oxigênio (ROS, em inglês) que podem prejudicar o funcionamento normal de estruturas como proteínas, lipídios e o próprio DNA, com isso, favorecendo danos celulares capazes de levar à carcinogênese. Além das terapias convencionais contra o câncer, como a quimio e a radioterapia, antioxidantes têm sido usados como métodos complementares ao tratamento; a exemplo disso, pode-se citar as vitaminas A, C e E.

A vitamina C (ou ácido ascórbico) tem seu papel antioxidante reconhecido há muito tempo na literatura, de modo que muitos estudos apontam para a suplementação com o micronutriente na prevenção de diversas doenças crônicas. Em relação ao câncer, seu potencial tem sido explorado uma vez que estudos recentes apontam para a atuação do ácido ascórbico como modulador epigenético complementar a terapias cujo alvo é o epigenoma das células tumorais. Somado a isso, é preciso levar em conta que pacientes oncológicos podem sofrer com a deficiência de vitamina C, sobretudo, aqueles que possuem a forma mais agressiva da doença.

Em estudo de Lee et al. (2019), os autores avaliaram os efeitos antitumorais in vitro da suplementação com altas doses de vitamina C em combinação ao tratamento convencional do câncer de mama. Para isso, linhagens celulares saudáveis e cancerígenas do tecido mamário foram submetidas ao tratamento com vitamina C em combinação ou não a agentes antitumorais. Os resultados mostraram que as células tumorais tratadas com alta concentração de vitamina C e quimioterápicos apresentaram menor viabilidade em comparação àquelas tratadas somente com os fármacos. Em outro estudo, Halabi et al. (2018) investigaram os efeitos da administração intravenosa de ácido ascórbico no câncer colorretal. Sob o ponto de vista clínico, a administração intravenosa e em grandes quantidades de vitamina C se mostrou positiva no tratamento do câncer colorretal, além dos pacientes terem relatado uma melhora na qualidade de vida. 

Dessa forma, o uso do ácido ascórbico como potencial coadjuvante para o tratamento do câncer tem chamado cada vez mais atenção. Por se tratar de uma doença altamente complexa, ainda há a necessidade de estudos mais assertivos e que esclareçam questões relacionadas à dosagem, à forma de administração e às interações medicamentosas e bioquímicas para sua recomendação na prática clínica.

 

Referências

BLASZCZAK, W. et al. Vitamin C as a modulator of the response to cancer therapy. Molecules, v. 24, n. 3, jan. 2019. 

CAVALCANTE, A.A.C.M. et al. Retinol palmitate and ascorbic acid: role in oncological prevention and therapy. Biomedicine & Pharmacotherapy, v. 109, p. 1394-405, jan, 2019.

HALABI, I.E. et al. Ascorbic acid in colon cancer: from the basic to the clinical applications. International Journal of Molecular Sciences, v. 19, n. 9, set. 2018.

INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER. Estimativa 2016: incidência de câncer no Brasil. Disponível em: <http://www.inca.gov.br/wcm/dncc/2015/estimativa-2016.asp>. Acesso em: 12 fev. 2016.

LEE, S.J. et al. Effect of high-dose vitamin c combined with anti-cancer treatment on breast cancer cells. Anticancer Research, v. 39, n. 2, p. 751-8, fev. 2019.

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